A Consciência dos Limites
W. C. iluminado com luzes de néon. Foi inundado. Imagens sub-aquáticas obtidas ao nível do chão a partir do fundo da piscina, através de um vidro que constituiria uma das paredes do W. C., assim preparado para este acto voyeurístico.
O corpo é simplificado e estilizado pelo grafismo do vestido assimétrico, semi-top (apenas um seio).
Chegará ela ao céu/tecto, para onde os longuíssimos braços se parecem erguer?
A certa altura parece haver uma sucessão ad infinitum de aparelhos de televisão ou a aquofobia. Ou apenas a delimitação, o desenho e a consciência dos limites, como única saída possível. O movimento perde-se, destituído do complemento de lugar aonde. Só uma quadrícula azulada estruturante nos lembra que algures existe um mapa. Na água é impossível de tocar, porque ela é como o ar. Parece uma experiência espacial, em que predomina no movimento a ausência de gravidade. Daí a câmara lenta, os movimentos descontínuos percorridos por etapas ou degraus.
Sonoplastia com vozes, mantras e cantos (contos) longínquos. Algaraviada de crianças.
Linha horizontal estruturante da imagem sempre a passar e a lembrar que é televisão. Sob ela cruza a verticalidade da figura .
Exagero cromático fauvista de cores saturadas e complementares laranja/azul, interrompido por tempestades iónicas azuladas periódicas. Sucessivas mortes e ressurreições.
Filipe Rocha da Silva